O Que São as Distorções Cognitivas e Por Que Elas te Entristecem?

Os olhos são a porta de entrada da mente. Sim, eu sei que existem outras formas de absorver as sensações que o ambiente nos fornece. Temos ouvidos para ouvir, narinas para cheirar (e respirar, é claro!), mãos para sentir… No entanto, a visão da qual tanto trataremos neste livro é a proporcionada pelos olhos da alma.

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Enquanto eu escrevo esta página, estou em frente ao meu notebook. Os meus olhos físicos enxergam uma tela brilhante que aos poucos cansa a minha vista enquanto os meus olhos da alma veem algo bem mais profundo e significativo: vejo mais um livro surgindo que, creio eu, poderá ajudar muitas pessoas. Vejo mais uma parte de um sonho se realizando. Vejo uma grande realização!

Consegue notar a diferença? Meus olhos físicos recebem as ondas eletromagnéticas refletidas em todos os lados, mas meus olhos interiores percebem o que acontece ao meu redor. Não que os olhos da alma tenham vida própria, todavia são demasiadamente influenciados pelo meu estado de espírito, meu histórico de vida e minhas crenças em relação ao futuro.

Quando fito minha esposa, não vejo apenas um rosto conhecido, mas sim o amor da minha vida, minha companheira idônea, minha melhor amiga. O nosso ótimo relacionamento e o meu desejo crescente por ela fazem com que meus olhos, sejam os físicos ou interiores, brilhem apaixonadamente.

Já ouviu a expressão “veja por outro ângulo”? Sábia foi a pessoa que criou esta frase! Ela entendeu que uma mesma situação pode ser vista de outras maneiras. As possibilidades de análise diante de uma situação são praticamente infinitas. Basta alterar um único conceito e “eureca!”, teremos um novo ângulo de visão.

O grande truque em relação ao modo de enxergar a vida tem a ver com os óculos que utilizamos. Calma… explicarei. Como já dito, os olhos não tem vida própria, não pensam sozinhos, no entanto, estão intimamente ligados às crenças que carregamos. Entre elas: crenças limitantes, perturbadoras, desanimadoras, desesperançosas e etc.

Vamos supor que José sofreu um acidente terrível, mas sobreviveu. Suas chances de sobrevivência neste acidente, de acordo com especialistas, era de menos de 1%. José soube disso e ficou aliviado por saber que sobreviveu sem sequelas. A partir daí, José tem sido um rapaz muito grato pela vida e tornou-se conhecido por valorizar cada detalhe.

Um belo dia, inesperadamente, José foi demitido. Ele parou por alguns minutos para refletir a respeito. Seus olhos físicos viam o seu patrão o despedindo, contudo seus olhos da alma viam outra coisa. Seus óculos invisíveis de gratidão estavam auxiliando seus olhos interiores.

“Foi ótimo o tempo que passei aqui nesta empresa! Tudo tem um fim… inclusive o meu tempo de trabalho. Arranjarei outro emprego em breve, mas por enquanto descansarei um pouco, pois estou precisando. Será um ótimo tempo de repouso, lazer e reflexão”, pensou José.

José aproveitou o dinheiro que conseguiu como resultado de seus 10 anos de trabalho e, durante seu tempo desempregado, viajou com a família e fez um curso. Se especializou, leu bastante, investiu em si mesmo. Após 6 meses, José conseguiu um novo emprego, desta vez na área que gosta. Tudo terminou bem!

Agora vamos conhecer a história de Mateus. Ele é conhecido por ser um grande “reclamão”. Enxerga defeitos em tudo que vê. Inesperadamente Mateus também foi demitido. E o que os olhos da alma de Mateus viram?

“Não acredito! Eu sabia que um dia isso iria acontecer! Essa empresa é terrível! E agora? Minha vida já é muito ruim… Eu não imaginava que poderia piorar. Agora é o meu fim!”, pensou Mateus.

Mateus tornou-se ainda mais amargurado, solitário e murmurador. As pessoas se afastaram de Mateus, afinal, ninguém suportava este sujeito sugador de alegrias. Após 6 meses, Mateus conseguiu outro emprego, mas não outro semblante. Continuava o mesmo rapaz cabisbaixo, chato e ingrato. Seus olhos interiores precisavam não somente de novos óculos, mas sim de uma boa limpeza.

Ok. Acho que você entendeu o que significa o termo “olhos da alma” no contexto deste livro, correto? Ótimo. Agora vamos entender qual é a importância de limparmos as pupilas interiores e trocarmos os óculos emocionais.

No campo da psicologia, existe um termo conhecido, um problema presente na vida de inúmeras pessoas chamado “distorções cognitivas”. Cognitivo é o termo usado para indicar a relação com o conhecimento absorvido através do sistema sensorial humano. Além disso, também tem relação com a memória e percepção.

A percepção é diferente da sensação. Sentir algo, ainda dentro deste contexto, é o ato puro de experimentar a sensação, por exemplo: eu comi chocolate, portanto, eu senti o sabor. Perceber algo é o conhecimento que está além da sensação, proveniente de um julgamento nem sempre racional. Comi o chocolate, percebi como ele estava gostoso, portanto, eu dei um significado para o sabor.

Explicando de grosso modo:

O pedaço de chocolate, através da língua, forneceu à mente um sabor doce / forneceu à memória a informação: estava uma delícia!

Melhor dizendo, a sensação informa ao cérebro sobre o estímulo como ele é, sem opiniões, enquanto a percepção informa o julgamento que fiz daquilo. Eu sinto a chuva e percebo como é bom tomar um banho natural. Sinto a dor e percebo como é terrível ser arranhado por um gato. A sensação é pura, a percepção rotula.

Os olhos da alma são responsáveis exclusivamente pela percepção. Os olhos físicos recebem os estímulos e, em pouquíssimo tempo, envia este conjunto de cores e intensidades para o cérebro. A sensação pura não diz nada a você além do óbvio. A percepção, guiada consciente ou inconscientemente, é que vai interpretar a sensação. Este processo pode provocar alegria, tristeza, paz, desespero, amor ou ódio.

Partindo da ideia de que você tenha entendido bem o que seria a cognição (recepção das sensações), foquemos nas distorções. O tema central desta obra é justamente as distorções presentes na sua forma de ver o mundo com os olhos da alma. Poético, profundo, aparentemente um devaneio, no entanto essencial.

Uma distorção negativa é um hábito consciente ou inconsciente que influencia grande parte das percepções que você tem. Tomemos como exemplo a distorção que nos leva a enxergar somente o lado ruim de tudo. Chamamos comumente esta distorção de Filtro Negativo. Como o próprio nome diz, o sujeito influenciado por este hábito tende a supervalorizar elementos negativos do cotidiano deixando as coisas boas “embaixo do tapete”.

Exemplificando na prática: Maria é convidada para um jantar. Tudo está uma delícia, exceto o alface que não está temperado da maneira exata que Maria gosta. Ao invés de se lembrar carinhosamente do jantar, Maria se recorda apenas do alface mal temperado (em sua egoísta opinião). Maria tem sua visão emocional distorcida pelo Filtro Negativo, sendo assim, ela vive uma vida infeliz e repleta de ingratidões.

Você possivelmente perceberá que algumas distorções são bem parecidas com outras, entretanto, cada distorção possui suas particularidades. Em cada capítulo você encontrará um breve resumo da distorção citada, um exemplo e conselhos para as vítimas da distorção em questão. Atente-se principalmente aos exemplos para que você note semelhanças com seus padrões de pensamento.

Espero ter escrito uma boa introdução até aqui. Quanto mais conhecemos a respeito das distorções negativas, mais podemos nos prevenir deste mal que é capaz de nos afundar no lamaçal dos sentimentos negativos. Ao detectar uma distorção, esforce-se para vencê-la, e assim, limpar os olhos da alma.

Seja sincero(a) durante suas reflexões e não ignore as distorções que seu orgulho insiste em negar. Seja franco(a) e perspicaz.

Trechos do Livro:

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