Sua vida parece estar em loop? Uma espécie de “rodinha de hamster”? De que, não importa o quanto você tente, acaba sempre caindo nas mesmas armadilhas? Pode ser o mesmo tipo de problema nos relacionamentos, a mesma dificuldade financeira que ressurge, ou aquela velha reação a uma crítica que te joga pra baixo. É como se você estivesse preso em um roteiro que já conhece de cor, e que, francamente, não te leva a nenhum lugar novo. Este artigo lhe revelará o possível porquê desse incômodo ciclo.
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Muitas pessoas sentem esse loop e se culpam, pensando que há algo fundamentalmente errado com elas. Mas a verdade é que esse fenômeno de repetir padrões, emoções e até situações do passado tem nome, e é mais comum do que você imagina. A psicologia chama de “compulsão à repetição“. Parece complicado, mas a ideia é simples: nosso cérebro, especialmente a parte que funciona no automático (o inconsciente), tende a buscar o que é familiar. Mesmo que essa familiaridade esteja ligada a dores, frustrações ou fracassos antigos.
Pense nisso como um caminho que você já trilhou tantas vezes que ele se tornou a rota padrão no seu GPS interno. É o caminho mais fácil, o mais conhecido, mesmo que ele te leve sempre para o mesmo lugar indesejado. Por que fazemos isso? Bem, o inconsciente não é muito fã de incertezas. O “conhecido”, por pior que seja, muitas vezes parece mais seguro do que o “desconhecido”, por melhor que possa ser. Além disso, às vezes, repetimos situações na (vã) esperança inconsciente de que, dessa vez, teremos um final diferente, “consertando” algo que deu errado no passado.
O grande problema é que, enquanto você estiver preso nesse ciclo, o crescimento fica comprometido. A mudança real que te tira do lugar e te impulsiona para frente, não acontece. Você fica dando voltas, gastando energia, e a sensação de estar “emperrado” só aumenta. Isso pode afetar sua autoestima, seus relacionamentos, sua carreira, tudo. É uma âncora invisível te prendendo ao passado.
Apesar disso, esse roteiro não é seu destino final. Ele é apenas um padrão aprendido, e tudo que é aprendido pode ser desaprendido e substituído por algo novo e mais útil. Nossa primeira estratégia contra essa compulsão à repetição é a consciência de sua existência e atuação. Você só consegue mudar algo que percebe que existe. E a compulsão à repetição opera justamente nos bastidores, sem você notar.
Então, como trazer essa repetição indesejada para a luz? A atitude prática que pode transformar sua vida começa com uma pausa intencional e uma pergunta honesta. A seguir você encontrará uma técnica simples que pode aplicar no seu cotidiano.
A Pausa da Consciência e a Pergunta Poderosa
Durante o seu dia, comece a prestar atenção aos seus pensamentos, sentimentos e reações, especialmente quando estiver em situações que historicamente te desafiam. Sabe aquela pontada de ansiedade que sempre surge antes de uma reunião? Ou aquela sensação de desvalorização quando alguém discorda de você? Aquela velha vontade de fugir quando as coisas apertam?
Quando você identificar um pensamento ou sentimento familiar e negativo que parece puxar você para o “velho roteiro”, PARE. Não reaja no automático. Crie um pequeno espaço entre o estímulo (a situação, a crítica, o medo) e a sua resposta usual.
Nessa pausa, pergunte a si mesmo, com total sinceridade:
“Este é o ‘velho roteiro’ começando a rodar de novo?”
Sinta a resposta dentro de você. Observe a emoção que surge. Perceba a familiaridade do padrão. Ao fazer essa pergunta, você está trazendo o inconsciente para o consciente. Você está acendendo uma luz na sala escura onde o automático opera.
Em seguida, faça a pergunta poderosa que te abre para o novo:
“Onde essa velha atitude (ou pensamento, ou sentimento) me levou no passado? E onde eu quero estar agora e no futuro?”
Ao comparar o resultado do velho roteiro com o futuro que você deseja construir, você cria um poderoso motivo para agir diferente. Você se lembra de que tem uma escolha. Você não é refém do seu passado. Suas experiências passadas moldaram seus padrões, mas não definem quem você precisa ser daqui para frente.
Depois de se fazer essas perguntas, decida, naquele pequeno momento, qual seria uma atitude (ou pensamento, ou resposta) diferente, que esteja de acordo com o futuro que você quer. Pode ser apenas respirar fundo em vez de reagir impulsivamente, ou escolher pensar “isso é a opinião dele(a)” em vez de “eu não sou bom o suficiente“, ou decidir encarar a situação em vez de fugir.
É um exercício constante, que exige prática. No começo, você só vai perceber o padrão depois que ele já aconteceu. Mas com o tempo, a pausa e a pergunta se tornarão mais naturais, e você começará a identificar o padrão enquanto ele está acontecendo, ganhando a chance de fazer uma escolha diferente no momento.
Essa capacidade de reconhecer e redirecionar seus próprios pensamentos e reações é fundamental. Não deixe que as “vozes” do passado determinem seu presente e futuro. Inclusive, eu abordo essa batalha interna entre o que nos puxa para trás e o que nos impulsiona para frente no meu livro “Vença Seus Pensamentos ou Eles Vencerão Você“. A compulsão à repetição é, em muitos casos, uma derrota por pensamentos e padrões antigos. Mas você pode vencer essa batalha interna.
Quebrar o ciclo da repetição não é apagar o passado, mas apenas impedir que ele continue ditando seu presente. É ganhar liberdade para construir novos caminhos, com mais consciência e, claro, resultados diferentes.
Então, da próxima vez que sentir aquele familiar “déjà vu” nos seus problemas, pause, pergunte e escolha um caminho novo. O futuro que você deseja está esperando por atitudes que você ainda não tomou. E a primeira delas é se recusar a repetir o que já não serve mais. A caminhada pode não ser fácil, mas é recompensadora. E a saída, meu amigo, está na capacidade de escolher diferente, um passo de cada vez.
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Danilo H. Gomes
EscritorCom mais de 1 milhão de e-books baixados no Brasil e no mundo, Danilo H. Gomes, autor best-seller conhecido por sua forma de escrever simples, profunda e cativante, vem rompendo barreiras no mundo literário, alcançando desde os leigos até os especialistas. Seu amor pelo desenvolvimento humano, em conjunto com seu conhecimento filosófico reflexivo e sua paixão pela psicologia, geraram mais de 70 publicações relacionadas aos mais variados temas. Danilo H. Gomes é marido de Débora e pai de Sarah.
